Leve como pluma, dura como tábua

Oi. Tudo bem?
Tem essa pessoa, uma amiga, que sempre começa seus áudios com "Oi, amiga. Tudo bem" e logo emenda algo como "nesse país? claro que não". Penso muito nisso quando escrevo Oi. Tudo bem? então pensei em dividir algo mais real. Normalmente coloco um filme ou série conforto pra rodar enquanto escrevo. Jovens Bruxas é im baita filme e sou contra qualquer refilmagem. Óbvio que minha opinião não conta. Filme perfeito, trilha incrível e com a Neve Campbell, dizem. Gosto demais da Fairuza Balk.
Leve como pluma, dura como tábua
Mandei uma cartinha - pra mim sempre serão cartinhas - na segunda e decidi que mandaria outra essa semana quando escrever não soasse estranho. Esse espaço funciona como uma conversa e nem sempre queremos falar, certo? Segunda foi tão estranho que estava me controlando para não mandar um texto com centenas de milhares de repetições da palavra pandemia. Claro que muitas outras coisas aconteceram mas tem esse espaço da minha mente que só pensa nisso e eventualmente é invadida pela crise política. Meu avô sempre dizia que jiboiar é essencial. Sinto que estou jiboiando há muito tempo. Carnes indigestas.
Sobre escrever e outras coisas

Essa semana foi estranhamente produtiva. Como qualquer pessoa, tenho tido muitos altos e baixos. Tanto a editora quanto a leitora crítica receberem o terceiro e penúltimo capítulo do livro que estou escrevendo. Os dois primeiros já foram enviados para a editora que provavelmente o publicará (tenho medo de dizer vai porque vai que né?) e pro diagramador. Inclusive, única cara no projeto. Andou sabe? Foi um alívio dar um passo adiante. Agora pensando em ilustração pra capa e miolo. Quero muito trabalhar com algumas ilustradoras que acompanho há tempos e estou criando aquela famosa coragem pra mandar um e-mail. A coisa mais assustadora que ouvi essa semana veio de pessoas diferentes, mas com essência igual: o livro é seu e você decide. Isso assusta sabe? Escrever é solitário, mas publicar não. Envolve conversas e trocas e leituras e reflexões e risadas e, noutros tempos, cafés e silêncios presenciais. Escrevi um pouco disso aqui.
Aliás, tenho um site agora; https://fabrinamartinez.com e publico ao menos uma vez por semana nele. Disciplina é meu maior defeito, sabe? Principalmente nesse período. Some a isso o fato de que estou apanhando do sistema e tenho ficado cada vez mais impaciente em tentar resolver coisas simples como acesso ao posts mais antigos. Um inferno. (Enquanto escrevo isso, Nancy surta e tenta matar Sarah. Jovens Bruxas é muito amor). Falando em amor e morte, finalmente assisti Suspiria. Os dois. Depois ouvi o podcast Necronomiconversa e foi bem massa por ter mostrado pontos que eu não havia percebido. Pretendo assistir agora com mais calma e conto sobre os três (filmes e podcast na segunda). Por fim, também publiquei um ensaio na Deriva sobre o silêncio da pandemia. Até coloquei uma roupa de linho pra fazer esse parágrafo.
Enquanto fazia um sanduíche pro almoço, fiquei pensando nos meus problemas relacionados ao trabalho e se gostaria de ter outros. Em que a palavra urgente fosse mesmo urgente mesmo sabendo que em nossos tempos urgente mesmo é respirar. Acabou o filme e provavelmente o que tinha a dizer. Por fim, li o Eu Sozinha da Marina Colasanti e escrevi uma resenha há pouco. As leituras voltaram e caminham bem. Pensei em falar sobre elas mas não quero parecer uma pessoa mega produtiva que está usando o tempo da quarentena pra aprender aramaico. Não estou. Inclusive passei alguns dias dessa semana de pijama e celebrando no futuro do pretérito os 70 anos da minha mãe.
Acho que é isso. Ouço o ronco (alto, muito alto) da minha cachorra idosa e as costas já reclamam. Minha cadeira é das piores. Bom final de semana e até logo.

Lembrei do conto Os anos intoxicados da Mariana Enriquez, que está no livro As coisas que perdemos no fogo. Já leu?
Por onde estou:
Site: www. fabrinamartinez.com
Twitter: @fabrina
Instagram: @fabrina.martinez
Por fim, tenho como política não revisar o texto depois de escrito para preservar qualquer ato falho, erro ou acerto inesperado de comunicação.