O que você quer quando quer alguma coisa?

Oi gente, ~~~ tudo bem? ~~~
Eu sei.
É a última segunda-feira de 2020 e acordei como acordo todos os dias, ansiosa por soluções. Sonhei a noite toda que estava com covid e trabalhando numas coisas que não lembro direito, tomava muitos (muitos mesmo) banhos de chuveiro e estava dirigindo (carro) e outras coisas. Os últimos dois meses foram bem pesados mas semana passada foi o puro suco de 2020 adoçado com minha dificuldade em decidir coisas.
Vamos falar de dinheiro. Dinheiro é e sempre foi uma questão pra qualquer pessoa normal. Rycos não contam. É um tabu. Falar sobre e ter dinheiro. Não tenho e como qualquer pessoa que não é detentora dos meios de produção, sou pobre. Como qualquer outra pessoa, tenho sonhos e os dois maiores deles dependem diretamente de dinheiro pois realidade. Aí que essa semana, um apartamento caiu no meu colo. Tipo, assim mesmo. Um negócio massa que eu poderia pagar? Não. Não posso. A real é essa. Não posso comprar um apartamento agora porque a mudança é cara. Quando se é adulto, mudar é caro. Não tem pegadinhas, analogias ou metáforas. É só um fato. Mudar é caro. Tem caminhão, pintura, pintor, taxas de transferência e muitas outras coisas.

Não tenho dinheiro, mas posso fazer cara de rica
Mas passei a última semana apertando aqui e ali e criando argumentos para comprar esse lugar. Ninguém nunca morou lá e talvez fosse esse o maior atrativo. Um teto todo meu de verdade verdadeira. Mas aí, evoquei a Nath Finanças e anotei tudo, absolutamente tudo que teria que pagar antes, durante e depois da mudança e diante dos números pensei em ligar pra minha analista e conversar sobre esses impulsos que parecem legais mas não são. Por mais legal que seja ter um apartamento, quando eu olhei a minha realidade e vi que mal poderia pagar a mudança, recuei. Ainda não falei com o dono. Estou falando comigo e tentando entender essa necessidade que surgiu, do nada.
Nada, nada não. Mas do nada. O outro sonho depende da vacina e isso ajudou demais nessa angústia de que ser uma adulta funcional é ter financiamento. Decidir não é um problema, problema é abrir mão. Quero tudo. Quero ter um apartamento, a formação dos meus sonhos, a estante com todos os livros que desejo ler e escrever, muitas e muitas plantas. E, o pior, queridas pessoas. A pandemia me obrigou a reconhecer algo que muito me envergonha em mim: sou romântica. Ai, gente. Lá estava eu, pesquisando preços de cubas, ferragens e pergolados enquanto penso se aquele curso vai ou não abrir inscrição e perdi tudo em Bridgerton. Assisti sorrindo mas não vou passar pano. Saudades contato humano. Certeza que dois dias depois do retorno do contato humano, vou escrever saudades isolamento.
O que decidi? Nada, gente. Absolutamente nada. Vou ficar em casa, na minha casa, e seguir o plano que é sobreviver à pandemia, ao cansaço e às dúvidas. Vou entregar o que está atrasado, colocar uma coisa no lugar por dia e é isso. Gosto daquele verso do Emicida - sonho mais alto que drones -, por mostrar que é ok sonhar e realizar. Não quero desejar feliz ano novo. Mas que possamos ser, ao mesmo tempo, pessoas e felizes e múltiplas. Sonhem mais alto que drones.
Sobre o título, é uma pergunta que aprendi na terapia e no retiro do silêncio: o que você quer quando quer o que você quer? Sigo por aqui me perguntando o que eu quero quando quero um apartamento; uma formação; uma reforma, silêncio ou simplesmente tudo. Não sei. Mas vou fazer café e comer uma fatia de pão porque a fome física eu já aprendi a sentir e saciar.
Ah, escrevo e mando. Sem revisão. Respeito os erros e os atos falhos para que essa conversa seja o mais natural possível. Se é que isso é possível. Por onde estou:
Livro: Para comprar o Sabendo que és minha, você pode mandar e-mail para oi@fabrinamartinez.com

Site: www. fabrinamartinez.com
Twitter: @fabrina (sempre uma reclamação nova)
Instagram: @fabrina.martinez (fotos e stories e histórias do <3)
Facebook: @afabrina (coisas de literatura e afins)