Quando o chão reage

Oi gente, tudo bem?
Estou obcecada por revestimentos. Azulejo, porcelanato que imita madeira, tijolinho à vista e ladrilho hidráulico. Obcecada. Chamo por nome e tenho uma lista de cores, texturas e marcas (sim, marcas) que usaria em cada ponto da minha casa. Moro numa casa alugada e tenho um grande afeto por ela mas, no meio da pandemia, alguns pisos começaram a estufar e quebrar. Optei por não fazer nada durante a pandemia. Acontece que eu optei por não fazer nada NO COMEÇO da pandemia, quando o ministro informal da saúde, Atila Iamarino, nos guiava na vida de isolamento. Ele ainda guia mas - assim como ele, você e eu -, os azulejos estão em frangalhos. Decidi arrumar por mim mesma e é claro que nada aconteceu feijoada.
Não sou essa pessoa com talento pro DIY e a minha casa está cheia de coisas assim. Coisas simples como tampar os buracos das paredes, passar verniz em peças de madeira pra colocar no quintal (um corredor metido à besta) ou mudar o lugar da composteira para ser prático. Nada acontece, gente. É tipo fazer o almoço pra um quando se está em home office. Já seria ótimo se eu desse conta do que tenho que fazer, do que imagino pra escrever e ler. Seria ótimo mesmo. Mal dou conta disso e estou sonhando em jogar um punhado de areia na frigideira pra fazer um prato exclusivo de vidro nobre porém rústico.
Limites.
Limites estão em falta para todos nós. Tem essa ideia de que a gente tem que dar conta, que entregar coisas que nos machucam e nos colocam em posições de exaustão. Outro dia, li uma entrevista em que um psicanalista diz que sobreviver é muita coisa. É. O grande problema de sobreviver é que, com o tempo, a capacidade de viver vai sendo minada. Estamos há muito tempo tentando sobreviver. Vou falar por mim. Estou há muito tempo tentando sobreviver e sei que há mais meses e meses pela frente nessa circunstância.
Por isso quero pensar em azulejos e ladrilhos e tijolos. Nesse lugar da imaginação em que consigo tirar o que estufou e quebrou por um chão plano, simples de andar. Vou fazer? Não sei, gente. Mas nesses dias, estou vivendo na imaginação.

Escrevo e mando. Sem revisão. Respeito os erros e os atos falhos para que essa conversa seja o mais natural possível. Se é que isso é possível. Por onde estou:
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